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Capacitação amplia produtividade de resina de pinus em Iaras/SP

O produtor rural José Daniel Teixeira Tiago, do assentamento Zumbi dos Palmares, em Iaras(SP), conseguiu praticamente dobrar a produtividade de resina de pinus em seu lote em menos de três meses. De 18 tambores de 200 quilos, extraídos de 7 mil árvores a cada 60 dias, a produção passou para 35 tambores. Esse resultado foi alcançado apenas com técnicas simples de manejo, ensinadas pelo engenheiro florestal Reinaldo Lopes, do Instituto BioSistêmico (IBS), entidade contratada pelo Incra para prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural em Iaras.

“A diferença está na fixação dos saquinhos para coleta de resina”, explica José Daniel. “Do jeito que eu estava fazendo antes, ocorria muito vazamento. Com a assistência técnica, eu aprendi a técnica correta de fixação”, conclui. Seu sogro, Mauro Chiqueto Gimenez, também conseguiu elevar a produtividade em seu lote de 28 tambores para 35. Ele aponta a composição da pasta básica usada para extrair a resina como outro diferencial. “A porcentagem de ácido da pasta que vendiam pra gente estava alta. Com a orientação do técnico, tivemos condições de exigir um produto mais adequado”, comenta.

Para ampliar essa capacitação dos assentados, foi realizado no último dia 16 um dia de campo sobre o manejo da floresta de pinus e questões ambientais. Cerca de 40 assentados participaram da atividade. O engenheiro florestal do IBS e assentados já capacitados fizeram demonstrações práticas sobre a fixação dos sacos plásticos de coleta de resina, abertura dos painéis de resinagem e uso correto da pasta básica. “A pasta serve para quebrar as células e ‘puxar’ a resina”, ensinou Lopes.

De olho no dólar

Quanto à rentabilidade da produção de resina, José Daniel explica que o preço acompanha a cotação do dólar. Dessa forma, ele vendeu o tambor a R$ 220,00 recentemente, mas o preço já chegou a R$ 780,00. Uma vantagem da resina é que ela pode ser armazenada. “Eu fico de olho na cotação do dólar. Se estiver muito baixa, eu posso esperar um pouco e vender quando o preço subir.” O produto é usado como matéria-prima na fabricação de breu, terebintina e outros derivados.

O manejo tem que ser constante. “É trabalho para todo dia”, esclarece Gimenez. “Mas a renda compensa.” Assentado há três anos, o sogro de José Daniel tem 63 anos de idade e nunca tinha trabalhado com resina. “Quando cheguei ao assentamento, quis trabalhar com isso e me disseram que eu não sabia. Eu falei, ‘não tem problema, eu aprendo, gosto de aprender’. Hoje eu tenho meu lote bem arrumado”, conta.

Da espécie pinus eliotti, as árvores existentes nos lotes dos dois assentados foram plantadas em 1964 pelo Instituto Florestal, órgão do governo do estado. Mas ainda é possível, com um manejo adequado, explorar a resina por mais alguns anos. De acordo com levantamento recente feito pelo Incra, existem 470 hectares de floresta viva de pinus no assentamento.

Antiga fazenda Capivara, as terras do assentamento Zumbi dos Palmares fazem parte do Núcleo Colonial Monção, um projeto criado pelo governo federal há mais de cem anos para a instalação de imigrantes de várias nacionalidades. Com o tempo, essas áreas foram ocupadas irregularmente e o Incra vem tentando reavê-las para fins de reforma agrária. As primeiras famílias foram assentadas em 1999, com base na tutela antecipada de 30% do imóvel, concedida pela Justiça ao Incra. O órgão foi imitido na posse da totalidade do imóvel em 2007. Hoje, 371 famílias vivem no assentamento.

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