No último dia 23, jovens assentados da região de Guarantã-SP participaram de curso itinerante, com visita aos cultivos orgânicos da propriedade rural “Orgânicos da Terra”, município de Nhandeara-SP. Teoria e prática foram evidenciados e dúvidas se esclareceram sob a coordenação dos técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) pela parceria com o Instituto Biosistêmico, Wellington Rodrigo, técnico agropecuário e Shigueo Sumi, engenheiro agrônomo.
Desde 2011, a propriedade visitada e vários outros produtores da região são atendidos pelo programa AgroSebrae, na parceria SEBRAE/SP escritório regional de Votuporanga e Instituto BioSistêmico. “No começo, a gente procurava quem comprasse, era difícil aceitar o diferencial do orgânico. Agora, nós não fazemos mais contatos nenhum, as encomendas chegam por telefone”, explica o produtor Edge Rodante, proprietário da Orgânicos da Terra que mantém comercialização na região de São José do Rio Preto e São Paulo, capital.
“No orgânico você faz os canais de comercialização apenas no começo, depois, só vai se preocupar com a produção. E os preços não costumam oscilar como no convencional”, explica o técnico do INCRA/IBS o engenheiro agrônomo, Shigueo Sumi. Ele explica que a renda com o orgânico é superior ao convencional, com venda garantida nos programas governamentais de compra, que pagam mais pelo orgânico com mercados cada vez mais competitivos nos grandes centros.
Com o atendimento do SEBRAE/SP na Orgânicos da Terra, o produtor Edge Rodante, que antes produzia tomate de forma convencional, passou a cultivar com manejo orgânico do solo. Ele utiliza esterco animal curtido e pulverizações regulares com produtos industrializados (aceitos pela legislação da produção orgânica), além de caldas e biofertilizantes naturais. Os 60 mil pés de tomates produzem, em média, cinco quilos de tomate (vendido a R$ 3,80 o quilo). Um volume equivalente ao obtido nas produções convencionais, segundo os produtores da região.
Durante o curso, Shigueo ressaltou que, para ingressar no método orgânico, deve-se começar pelo planejamento, anotando toda e qualquer atividade aceita no orgânico, para que esses dados embasem um futuro processo de rastreamento para certitifação e ajudem a otimizar o trabalho. Ele aconselhou converter uma área menor, fazendo barreiras com adubação verde para, depois, expandir o método para o restante da área.
Integração
O IBS vem promovendo atividades com a integração de projetos do INCRA e do SEBRAE para promover o desenvolvimento sustentável por meio de ações sistêmicas e da aplicação de tecnologias adequadas ao desenvolvimento sócio-ambiental.
“Produtores com características em comum, sejam elas de localização, produtiva ou econômica, conseguem perceber novas formas de pensar seu sistema produtivo quando conhecem praticas diferentes e que podem ser adaptadas à sua realidade. Nesse sentido, os cursos itinerantes demonstram a efetividade desta estratégia, na medida em que começam a interagir com a equipe de ATER buscando mudar seu processo produtivo e muitas vezes de relacionamento com o mercado”, destacou o engenheiro agrônomo Cláudio Pinheiro, diretor da unidade IBSAter.